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No cenário da atual pandemia causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2), tanto os não indígenas quanto os indígenas estão suscetíveis ao vírus. Porém, estudos mostram que os povos indígenas são mais vulneráveis a epidemias devido às elevadas prevalências de diferentes doenças e agravos à saúde, como desnutrição, anemia, hepatite B, malária, hipertensão e diabetes. Outros fatores, como o hábito de compartilhamento de utensílios e as habitações que frequentemente possuem um grande número de moradores, impedem o isolamento previsto para casos suspeitos e confirmado da doença e contribuem para a disseminação do vírus.
Em geral, esses povos residem em locais remotos e possuem dificuldade de acesso aos serviços de saúde. Para casos mais graves da doença são necessários hospitais especializados e serviços de UTI, localizados apenas nas cidades, dificultando o tratamento dos casos. Além disso, os povos indígenas sofrem ainda com o aumento das queimadas e desmatamento de suas terras.
A dificuldade na contabilização dos casos e acompanhamento da evolução da doença entre as populações indígenas representa outro desafio. Segundo dados oficiais da Secretária Especial de Saúde Indígena (SESAI), até o dia 05 de agosto, registraram 16.840 casos confirmados e 300 óbitos nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI). Por outro lado, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) contabilizou 22.656 casos confirmados, 639 óbitos e 148 povos afetados, até o dia 06 de agosto. Esta disparidade nos dados pode ser explicada, devido aos dados da Sesai incluírem somente os casos em áreas homologadas e não incluírem indígenas que vivem em áreas urbanas ou em territórios fora das terras demarcadas.
Como medidas para atender as necessidades dessa população. No Brasil, foram distribuídos kits de higiene e alimentos, vacinação e tradução de materiais de prevenção de COVID-19 para idiomas indígenas. No entanto, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) e Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA), em reunião no dia 27 de Julho que contou com a presença de líderes de povos amazônicos e especialistas de várias organizações internacionais, pediram pelo fortalecimento da atenção nos serviços de saúde da Amazônia, com dotação de recursos humanos, suprimentos e dispositivos médicos, incluindo testes, tratamentos e vacinas contra a COVID-19 quando disponíveis. Sendo estas algumas das formas de mitigar o impacto da doença nos povos amazônicos.
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